Putin descarta ida à cúpula do G20 após pedido da Ucrânia para que Brasil o prendesse: ‘Minha possível visita prejudicaria o trabalho’

Apesar da decisão, o presidente russo disse que a Rússia tem ‘boas relações com o Brasil’ e um acordo poderia ser assinado para ‘contornar o veredito’ do Tribunal Penal Internacional, que emitiu mandado de prisão contra ele em março de 2023.

O presidente russo Vladimir Putin no Fórum Empresarial do BRICS em Moscou — Foto: Alexander Zemlianichenko/Pool via REUTERS

O presidente russo Vladimir Putin no Fórum Empresarial do BRICS em Moscou — Foto: Alexander Zemlianichenko/Pool via REUTERS

O presidente da RússiaVladimir Putin, afirmou que não irá comparecer à cúpula do G20, daqui a um mês, nesta sexta-feira (18).

Quatro dias após o procurador-geral da Ucrânia pedir às autoridades brasileiras que cumprissem o mandado de prisão contra ele, expedido pelo Tribunal Penal Internacional em março de 2023, caso ele viesse ao evento, que acontecerá no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro, Putin descartou sua participação:

“Minha possível visita prejudicaria o trabalho do G20. Vamos descobrir quem apresentará a Rússia“.

Apesar da decisão, o presidente russo manteve a posição oficial do Kremlin e afirmou que não reconhece o Tribunal Penal Internacional. Ele também disse que a Rússia tem “boas relações com o Brasil” e um acordo poderia ser assinado para “contornar o veredito”, já que “tais vereditos são fáceis de ignorar”.

As declarações do presidente russo foram dadas durante uma sessão de perguntas e respostas com repórteres das principais organizações de mídia dos países do BRICS, que terá uma cúpula dos líderes sediada no país na próxima semana.

Na coletiva, Putin também falou sobre um relatório que revela um suposto arsenal nuclear na Ucrânia e disse que a possibilidade é uma “provocação muito perigosa”.

O presidente russo garantiu que suas tropas estão preparadas para continuar lutando até garantirem a vitória no conflito, que “quer paz duradoura” na Ucrânia e acusou a Otan de estar usando tropas ucranianas em uma luta contra a Rússia.

Putin ainda falou sobre a proposta conjunta da China e do Brasil para acabar com a guerra na Ucrânia, apresentada em maio: disse que era “equilibrada” e forneceria uma boa base para encontrar uma solução.

O texto pede a redução da tensão e a retomada do diálogo direto sem exigir que a Rússia retire suas forças do território ucraniano.

Pedido da Ucrânia

Ucrânia pede prisão de Putin caso compareça ao G20

Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, emitiu um mandado de prisão contra Putin em março de 2023, cerca de um ano após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia. A Corte acusou Putin do crime de guerra de deportação de crianças.

Rússia nega as alegações de crimes de guerra, e o Kremlin rejeitou o mandado do TPI, considerando-o “nulo e sem efeito”.

Na segunda-feira (14), ao ser questionado por repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que ainda não havia sido tomada uma decisão sobre a participação de Putin na reunião das 20 principais economias do mundo no Brasil.

O procurador-geral da Ucrânia disse à Reuters, em uma entrevista, que “é importante que a comunidade internacional permaneça unida e responsabilize Putin”.

“Devido à informação de que Putin pode participar da cúpula do G20 no Brasil, gostaria de reiterar que é uma obrigação das autoridades brasileiras, como Estado-parte do Estatuto de Roma, prendê-lo se ele ousar visitá-lo.Espero sinceramente que o Brasil o prenda, reafirmando sua condição de democracia e de Estado de Direito. Se isso não for feito, corre-se o risco de se criar um precedente no qual os líderes acusados de crimes podem viajar impunemente”, disse Andriy Kostin.

Convite do Brasil a Putin

O Brasil enviou a Putin um convite padrão para as reuniões do G20, que irão ocorrer nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. No entanto, não recebeu qualquer indicação de que o presidente russo planeje comparecer, de acordo com duas autoridades do governo brasileiro.

O escritório do promotor do Tribunal Penal Internacional não quis comentar o caso.

Um porta-voz do tribunal, Fadi El Abdallah, reiterou que a Corte internacional depende dos Estados-parte e de outros parceiros para executar suas decisões, inclusive mandados de prisão. Os estados-membros “têm a obrigação de cooperar de acordo com” o tratado de fundação do tribunal, disse o porta-voz.

Outros russos alvos de mandados

Além de Putin, outras autoridades russas estão sujeitas a mandados do TPI, incluindo a comissária para os Direitos das Crianças, Maria Lvova-Belova, o ex-ministro da Defesa Sergei Shoigu, e Viktor Sokolov e Sergey Kobylash, acusados de dirigir ataques contra locais civis.

Mesmo sendo alvo de mandado de prisão do TPI, Putin fez uma visita oficial de Estado à Mongólia em setembro. O fato de ele não ter sido preso pelas autoridades locais foi criticado pela Ucrânia como um golpe na justiça internacional.

No ano passado, Putin não participou presencialmente de uma reunião das nações dos Brics na África do Sul e compareceu apenas online.

O Tribunal Penal Internacional, com 124 Estados-membros, foi criado em 2002 para julgar crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e o crime de agressão quando os Estados-membros não quiserem ou não puderem fazer isso sozinhos.

g1

Natal teve aumento de 15% nas ocorrências de incêndio em vegetação
Aumento intensificou trabalho dos bombeiros – Foto CBMRN

O número de incêndios em vegetação no Rio Grande do Norte registrou um aumento significativo nos últimos meses. Apenas nessa quinta-feira (17), foram contabilizados 12 focos de incêndio nas regiões de Natal e Grande Natal, alguns desses foram próximos a rodovias, o que exigiu bloqueios temporários para garantir a segurança no trânsito.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte (CBMRN), entre janeiro e setembro de 2024, foram atendidas 981 ocorrências de incêndio em vegetação, representando um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o total de atendimentos foi de 849. O crescimento acende o alerta sobre a necessidade de medidas preventivas e de controle, além de destacar os riscos tanto para a população quanto para o meio ambiente.

As autoridades também reforçam a importância de que a população colabore com as orientações de prevenção, evitando práticas que possam desencadear incêndios e acionando o número 193 em casos de emergências. O monitoramento das áreas de risco e a intensificação das operações seguem em andamento para enfrentar a alta demanda.

Tribuna do Norte

Controle emocional é importante para um bom resultado no Enem
Educadores e psicólogos ressaltam que, se não for utilizada como uma aliada, a tensão pode atrapalhar o desempenho do aluno | Foto: Divulgação

Há menos de um mês para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, alunos de todo o país se preparam nessa reta final até a realização das provas. Além de revisar o conteúdo estudado, outra preparação é apontada como essencial: a emocional.


Nesta edição de 2024, mais de 5 milhões de pessoas se inscreveram para as provas que serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro. Só do RN foram 119.088 inscritos, segundo dados do Ministério da Educação.


A pressão da concorrência e a necessidade de demonstrar por meio das avaliações os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de estudo deixa os alunos ansiosos e preocupados acerca do futuro profissional. A tão sonhada vaga em uma universidade pública parece ditar o sucesso ou fracasso dos candidatos.


Entretanto, educadores e psicólogos ressaltam que, se não for utilizada como uma aliada, essa tensão pode atrapalhar o desempenho do aluno durante as provas, além de causar outros problemas de ordem emocional, como insônia e crise de ansiedade.


“É humanamente impossível não ficar nervoso com a proximidade da prova, porque a ansiedade é uma sensação natural no nosso corpo que aparece quando nós estamos diante de algo novo, desconhecido ou desafiador. Isso é algo que nos prepara quando algo está por vir. Nessa reta final em que a ansiedade vai aumentando, nós devemos utilizá-la como aliada. Ter um certo nível de preocupação ajuda para nos motivarmos a dar o nosso melhor”, explica a psicóloga do Ensino Médio do Colégio CEI (Romualdo e Roberto Freire), Isis Barreto.


Para tentar amenizar o estresse natural que envolve esse período de transição na vida dos estudantes, é essencial ter o apoio de familiares, amigos e de profissionais preparados para lidar com essas questões, tais como psicólogos, professores e orientadores educacionais. Mas essa preparação emocional deve começar muito tempo antes do período próximo à prova ou do último ano escolar.


“A preparação emocional não pode ser considerada numa perspectiva imediatista, ela acontece ao longo da vida”, ressalta a diretora pedagógica do Colégio CEI (RG e RF), Cristine Rosado. E acrescenta: “Essa preparação específica para o Enem deve ser fortalecida durante os anos finais do Ensino Médio. É preciso reconhecer e aprender a lidar com as emoções que envolvem esse período importante da vida do aluno”.


A diretora Cristine Rosado explica ainda que a escola possui uma equipe de saúde mental com 11 profissionais, entre psicólogas e assistentes de psicologia, e pondera: “As escolas devem se atentar para a importância da saúde mental. A condição emocional precisa estar bem equilibrada para que o aluno tenha rendimento”.


Mas para os alunos que já estão nessa reta final da preparação, a psicóloga Isis Barreto aconselha: “O primeiro passo é aceitar que essa ansiedade não vai ser eliminada. Então, vamos utilizar estratégias para acolher esse sentimento e buscar espaços de diálogo através de amigos, famílias, professores e, se for necessário, também profissionais da área de saúde mental”.


Barreto também alerta para a importância do planejamento do tempo, que deve ser dividido entre estudos revisionais, como simulações e resolução de exercícios, e atividades de relaxamento e descanso. “É importante que exista um planejamento de estudos com atividades para relaxar e descontrair. Um momento descansado contribui significativamente para o que será estudado. O planejamento para essa reta final proporciona uma previsibilidade do que será feito e essa previsibilidade ajuda no manejo da ansiedade”.

Primeiro lugar
O primeiro lugar geral da UFRN no SiSU 2024 foi de Marina Araújo, ex-aluna do colégio CEI e que atualmente está cursando o 2º período de Engenharia Mecatrônica. Ela explica como foi sua preparação emocional para esse período que antecede a prova: “A minha preparação emocional se baseou muito em garantir momentos de atividade física e de descanso toda semana. Tentava ao máximo deixar meus domingos livres e passar tempo com a minha família. Também foi importante para o meu emocional não me privar de sair com os meus amigos ou de participar dos eventos do último ano da escola. Fiz questão de aumentar momentos desse tipo no último mês antes da prova e parei de estudar fora dos horários de aula uma semana antes do primeiro dia do ENEM”, comentou.


Para a futura engenheira, existe um pensamento comum de enxergar a prova do Enem como algo que dita o futuro profissional do aluno. Ela contou que se sentiu pressionada com esse pensamento durante boa parte do seu Ensino Médio, mas que conversas com profissionais a ajudaram a aliviar esse peso: “Durante o meu último ano na escola, quando ainda não tinha escolhido o curso que eu queria, comecei a conversar com profissionais e até alguns dos meus professores sobre a trajetória de carreira deles. Foi graças a isso que descobri que o caminho profissional da maioria das pessoas não é linear. É normal não conseguirmos o que desejamos de primeira, ou perceber que o curso escolhido talvez não é o que pensávamos. Percebi que somos muito novos para prevermos tudo que vamos ser futuramente. O Enem é só o começo de um processo que pode ser muito diferente do que esperamos e não é nem de perto a única coisa que nos define”, conclui.


Estudante do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio CEI, Maria Eduarda Lustosa vai tentar uma vaga no curso de Direito. Ela comenta que com a proximidade da prova tem se sentido mais tensa, mas que tenta focar na rotina de estudos que planejou desde o início do ano. “Eu tento me ater à minha rotina, porque é algo que eu já sei o que eu tenho que fazer, então eu tento não pensar na prova, em como vai ser lá no dia, porque é algo que eu não consigo controlar. O que eu consigo controlar é continuar estudando e me preparando”.


Acerca da preparação emocional e como faz para aliviar o estresse, Maria Eduarda comenta que o apoio da escola tem sido essencial: “Eu sinto que a gente tem muita liberdade para pedir ajuda, para desabafar e até mesmo receber conselhos sobre como melhorar e tornar o processo mais leve”. Ela conta ainda que não abre mão de seus momentos de lazer: “Sempre separo um tempo para fazer coisas que eu gosto. Então assisto a um filme, fico com minha família, vou jogar ou praticar algum esporte. Isso é muito bom para aliviar o estresse”, finaliza.

Tribuna do Norte

Maré alta deixa Defesa Civil em alerta para evitar danos na orla
Banhistas em Natal já têm sentido os efeitos de marés intensas desde o início dessa semana| Foto: Adriano Abreu

A onda intensa de marés altas na costa de Natal atingirá os níveis mais altos a partir desta quinta-feira (17) e deve seguir até o próximo domingo (20), segundo previsões da Capitania dos Portos de Natal e da Defesa Civil Municipal. Mesmo com as previsões, banhistas em Natal já têm sentido os efeitos de marés intensas desde o início dessa semana. O movimento fez com que a Defesa Civil de Natal colocasse sacos de areia em parte da orla com o intuito de proteger hotéis e pousadas na orla.


Segundo Fernanda Jucá, diretora da Defesa Civil Municipal, a prefeitura colocou sacos de areia no Morro do Careca e em outras bases de hotéis que tiveram muros desabados com a força da maré no final de setembro. Nesta quarta-feira (16), foram iniciadas ações na Praia da Redinha.


“As marés começam a se intensificar a partir da madrugada desta quinta e ainda teremos ela de maneira intensa sexta, sábado e domingo”, apontou Jucá. “Temos a presença da Guarda Municipal e Defesa Civil nas proximidades do Morro para evitar que o pessoal ultrapasse a área isolada e o monitoramento da orla toda. As secretarias estão trabalhando em conjunto para atacar isso.

Infelizmente o que temos que fazer é esperar a maré. Do Hotel Serhs ao Morro vai ser resolvido com a engorda de Ponta Negra, então conforme ela for a-vançando vamos removendo esses sacos e revendo as estruturas afetadas. Para a parte que não tem engorda, a Prefeitura vai contratar estudos para saber o que pode ser feito”, acrescenta.


Em relação às obras da engorda da Praia de Ponta Negra, os serviços atualmente estão em 20% de execução e a previsão da Prefeitura do Natal é terminar os trabalhos até o final de dezembro deste ano. Segundo o secretário de Infraestrutura, Carlson Gomes, até agora, a obra já avançou 800m e aterrou mais de 200 mil m³ de areia. O total são 1,1 milhão de m³.


A engorda de Ponta Negra é considerada primordial para a praia, que há anos sofre com a erosão costeira provocada pelo avanço do mar e que tem modificado a estrutura do Morro do Careca, um dos principais cartões postais da capital potiguar, descaracterizando sua paisagem.


De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, o aquecimento global e o fenômeno La Ninã são fatores que podem causar o aumento do nível dos oceanos. “É uma consequência que deverá ser sentida com mais frequência e, principalmente, nesta época do ano, entre agosto e novembro, devido ao período de ventos mais fortes que chegam aqui na costa do Nordeste”, disse ele.


O aquecimento global, causado principalmente pelas emissões de gases de efeito estufa, resulta no derretimento das calotas polares e das geleiras. Essa liberação de água doce nos oceanos é uma das principais causas do aumento do nível do mar, com impactos diretos nas áreas costeiras.


“Essa questão do aumento dos níveis dos oceanos tem que ser analisado com certo cuidado e critérios. Porque é evidente que a mudança climática, causada pelo aumento e liberação constante de gases do efeito estufa na atmosfera, tem causado descongelamento das calotas polares. Esse descongelamento da água faz com que o nível dos oceanos aumente, tenha elevação.

E consequentemente, quando tem situações específicas, como é o caso nessa época do ano aqui no Nordeste, que tem o aumento dos ventos devido à intensificação do centro de alta pressão do Atlântico Sul, esse aumento dos oceanos faz com que também aumente a atuação das marés em cima da costa”, explicou.

Tribuna do Norte

Investigação sobre infecção de 15 pessoas em mutirão de cirurgias de catarata vai analisar água, centro cirúrgico e esterilização

Ao menos oito pacientes precisaram retirar o globo ocular após a infecção bacteriana. Mutirão aconteceu em setembro em Parelhas, no interior do Rio Grande do Norte.

Izabel Maria dos Santos Souza, de 63 anos, foi uma das pacientes que perdeu o olho após infecção no RN — Foto: Cedida

Izabel Maria dos Santos Souza, de 63 anos, foi uma das pacientes que perdeu o olho após infecção no RN — Foto: Cedida

Uma investigação sobre a infecção que atingiu 15 pacientes de um mutirão de cirurgias de catarata, e causou a remoção de globos oculares de pelo menos oito deles, deverá analisar a água utilizada no hospital, o centro cirúrgico, o processo de esterilização dos equipamentos e outros possíveis fatores de contaminação.

De acordo com a Prefeitura de Parelhas, na região Seridó potiguar, onde as cirurgias aconteceram, as análises na área de saúde foram solicitadas pela Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária (Suvisa), que comanda uma apuração sobre o caso. Elas serão realizadas pelo Laboratório Central do Rio Grande do Norte, ligado à Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap).

Ainda de acordo com o município, a Suvisa já realizou vistoria técnica e está sendo atualizada com novas informações necessárias. O órgão estadual informou nesta terça-feira (15) que a apuração segue em curso e os resultados serão comunicados no fim do procedimento.

O mutirão aconteceu nos dias 27 e 28 de setembro na Maternidade Dr. Graciliano Lordão e atendeu, ao todo, 48 pacientes de Parelhas. No entanto, das 20 pessoas operadas no primeiro dia, 15 apresentaram endoftalmite, uma infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae.

O município também instaurou um inquérito para investigar as circunstâncias e responsabilidades no caso. As audiências com técnicos, médicos e a empresa responsável pelos procedimentos foram iniciadas nesta terça-feira (15).

A Prefeitura de Parelhas informou que encaminhou uma notificação formal à empresa Oculare Oftalmologia Avançada, responsável pelas cirurgias oftalmológicas no município, “exigindo esclarecimentos imediatos”.

“A Prefeitura reitera que as cirurgias foram realizadas dentro da legalidade, e o Município está arcando com todos os atendimentos e procedimentos médicos necessários aos pacientes, inclusive pagando por consultas particulares em alguns casos, para que todos possam ter o melhor acompanhamento possível”, informou o município por meio de nota enviada ao g1.

Além da assistência médica, o município disse que tem mantido suporte psicológico, monitoramento contínuo e cobertura de tratamento e consultas.

Já a empresa Oculare Oftalmologia Avançada afirmou que o mutirão foi conduzido por “oftalmologista experiente, tendo seguido os protocolos médicos e de segurança exigidos”.

Pacientes perdem a visão depois de mutirão de cirurgias em Parelhas

8 perdem globo ocular após cirurgia

Pelo menos 8 dos 15 pacientes que tiveram complicações após o mutirão de cirurgias de catarata em Parelhas, a 245 km de Natalprecisaram retirar o globo ocular afetado.

“Infelizmente, 15 pacientes foram acometidos pela infecção bacteriana. Destes 15, 8 tiveram que retirar o globo ocular, 4 fizeram cirurgia de vitrectomia [substituição de um gel que fica dentro do olho] e 3 seguem sendo acompanhados pelos oftalmologistas”, informou o secretário de Saúde do município, Tiago Tibério dos Santos.

Segundo o município, cerca de 330 procedimentos do mesmo tipo foram realizados desde maio de 2022, antes do mutirão de setembro. “Apenas nesse tivemos complicações”, declarou o secretário.

Uma das pacientes afetadas é a cabelereira Izabel Maria dos Santos Souza, de 63 anos, que precisou fazer o procedimento chamado evisceração ocular no último dia 4 de outubro. A ação consiste na retirada do conteúdo do globo ocular, mas preserva os músculos da região.

Nesta terça-feira (15), ela seguia internada no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal.

“Ela está bem melhor, mas continua internada para o restante do tratamento, para ver se elimina a bactéria, que se espalhou para a pálpebra, para não passar para o cérebro e não virar algo mais grave”, afirmou um dos filho dela, Evandro Santos.

Maternidade Dr. Graciliano Lordão, em Parelhas (Arquivo) — Foto: Divulgação

Maternidade Dr. Graciliano Lordão, em Parelhas (Arquivo) — Foto: Divulgação

A filha de outra paciente com mais de 80 anos, que pediu para não ser identificada, contou que a mãe começou a sentir incômodo no olho direito logo no dia seguinte à cirurgia.

“No sábado mesmo eu e minha irmã percebermos que saia muita secreção, mas como ela fez o retorno e o médico não disse nada, a gente achou que era normal. Na terça-feira, resolvemos levar minha mãe de novo e, chegando lá, me surpreendi com tanta gente na mesma situação”, contou.

Segundo a filha da paciente, a mulher ficou internada no mesmo dia, recebeu aplicação de antibiótico dentro do olho e teve alta no domingo seguinte (6). Porém, dois dias após a alta, os familiares decidiram levar a idosa para consultas em Natal.

Na capital, pelo menos quatro médicos deram diagnóstico e disseram que a mulher precisaria fazer a remoção do olho.

Medo de perder olho

Uma das 15 pessoas infectadas pela bactéria durante um mutirão de cirurgias de catarata em Parelhas, no Rio Grande do Norte, a costureira Vitória Dantas, de 49 anos, ainda teme precisar retirar o globo ocular.

“É muito triste. Todos os afetados por essa cirurgia estão passando por um momento muito delicado, todo mundo muito nervoso. O medo de perder o olho ainda está presente”, disse o filho de Vitória, Maurício Dantas, de 29 anos.

Maurício Dantas com a mãe, Vitória Dantas (que passou por cirurgia de catarata) e o irmão dele — Foto: Arquivo pessoal/cedida

Maurício Dantas com a mãe, Vitória Dantas (que passou por cirurgia de catarata) e o irmão dele — Foto: Arquivo pessoal/cedida

Maurício contou que a mãe tem vivido dias de apreensão e medo, sem saber se vai conseguir voltar a ver.

“Ela está muito ansiosa com relação à situação dela, não consegue dormir, nervosa o tempo todo, literalmente traumatizada com relação a tudo que ocorreu. Tem medo de pegar uma bactéria fazendo qualquer coisa”, falou.

Ao g1, a Polícia Civil disse que não tinha informações sobre registros de ocorrências relacionadas a esse caso.

Empresa diz que seguiu protocolos em cirurgia

Em nota enviada ao g1, a empresa contratada pelo município de Parelhas para realizar as cirurgias, Oculare Oftalmologia Avançada, afirmou que o mutirão de cirurgias oftalmológicas foi conduzido por um oftalmologista experiente”, que seguiu protocolos médicos e de segurança exigidos, “visando garantir o sucesso dos procedimentos e o bem-estar dos pacientes”.

“Assim que os primeiros casos de complicações foram relatados, a equipe médica prontamente reavaliou todos os pacientes e tomou as medidas necessárias para o tratamento imediato, disponibilizando serviço médico especializado em tempo integral. Os pacientes afetados estão recebendo toda a assistência médica, incluindo tratamento com antibióticos, conforme os melhores protocolos oftalmológicos, bem como submissão à realização de vitrectomia nos casos indicados”, informou a empresa.

Ainda de acordo com a nota, amostras biológicas foram coletadas e uma investigação é conduzida pela Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa) para entender o que poderia ter levado às infecções nos pacientes operados.

A Vigilância Sanitária, vinculada à Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte, informou que a apuração segue em curso e os “resultados serão comunicados ao fim do procedimento”.

g1