A recente paralisação dos serviços médicos obstétricos e pediátricos em três importantes maternidades do Rio Grande do Norte expôs novamente a fragilidade da gestão da saúde pública no governo Fátima Bezerra. A interrupção dos atendimentos no Hospital Dr. José Pedro Bezerra, em Santa Catarina, no Hospital Regional Alfredo Mesquita, em Natal, e no Hospital Regional Monsenhor Antônio Barros, em São José de Mipibu, colocou em risco gestantes e crianças que dependem do sistema público de saúde.
A crise foi desencadeada pela falta de pagamento dos salários dos profissionais da saúde, um problema recorrente na administração estadual. Apesar de as atividades terem sido retomadas após um acordo entre a Secretaria de Saúde Pública do RN (Sesap) e a Cooperativa dos Médicos (Coopmed-RN), o episódio revela a falta de planejamento e de priorização no orçamento da saúde.
Segundo Geraldo Ferreira, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed), o governo descumpriu o compromisso de pagar os salários até 30 de novembro, levando à paralisação iminente que, por pouco, não afetou outras unidades, como o Walfredo Gurgel. A regularização só foi possível após intensas negociações e pressão dos profissionais, que dependem desses pagamentos para continuar exercendo suas funções.
Embora o acordo garanta o pagamento dos salários atrasados referentes ao mês de julho, a situação gera incertezas sobre a estabilidade do setor. A saúde pública, um dos pilares mais sensíveis de qualquer administração, segue sendo alvo de críticas e reclamações por parte da população e das categorias profissionais.
A Sesap afirmou que o acordo assegura a continuidade dos serviços e atende às demandas da categoria. Contudo, a confiança na capacidade do governo de manter os compromissos em dia está profundamente abalada. O episódio é um retrato da má gestão e da incapacidade de Fátima Bezerra em evitar que crises recorrentes se agravem a ponto de paralisar setores essenciais como a saúde.
Gestantes e crianças, que deveriam ser tratadas como prioridades absolutas, foram vítimas de uma administração que falha em garantir o básico. A promessa de manter a qualidade do atendimento soa vazia diante de tantos episódios de descaso. É urgente que o governo assuma a responsabilidade e implemente medidas concretas para evitar que crises como esta voltem a se repetir. Afinal, a saúde pública não pode continuar sendo refém da ineficiência administrativa.