Tensão entre países aumentou após ataque israelense a consulado na Síria, que matou comandantes da Guarda Revolucionária iraniana. Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, Israel está em alerta para um possível ataque direto do Irã a seu território, que pode ocorrer nesta sexta-feira (12) ou no sábado.
O presidente do Irã prometeu revidar o ataque de Israel contra um consulado iraniano na Síria, que resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana, incluindo um general.
Nesta sexta-feira (12), a Casa Branca disse que a ameaça do Irã é “real”. Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, Israel está em alerta para um possível ataque direto do Irã a seu território, que pode ocorrer nesta sexta-feira (12) ou no sábado.
O ataque em Damasco marca a escalada da violência no Oriente Médio, intensificada pela guerra entre Israel e o grupo Hamas. O conflito chega ao sexto mês e soma mais de 33 mil mortos —32 mil palestinos, segundo o Hamas, e 1.200 israelenses.
Bandeira do Irã perto de prédio atacado em Damasco, na Síria, em 1º de abril de 2024 — Foto: Firas Makdesi/Reuters
A morte do general da Guarda Revolucionária Iraniana é vista pelo Irã como um ataque direto ao país. O país prometeu retaliação.
Um levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) e atualizado pela última vez em fevereiro de 2023, mostra que o Irã tem um contingente militar de 650 mil pessoas e que a guarda, que é uma divisão importante das forças armadas iranianas, é responsável por 190 mil combatentes. Trata-se do segundo maior contingente do Oriente Médio, atrás do Egito.
Já Israel tem 177,5 mil militares, entre Exército, Marinha, Aeronáutica, entre outras forças. Esse número, no entanto, não considera os reservistas, convocados quando há conflito.
O grande diferencial de Israel é a posse de bombas nucleares. De acordo com a Federação dos Cientistas Americanos (FAS), Israel é o único país da região que possui armamento nuclear, embora o governo israelense não reconheça possuir bombas.
O Irã tem enriquecido urânio a um nível próximo do necessário para se criar uma bomba nuclear, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) obtido em 2023 pela Agência France-Presse. No entanto, não há indícios de que o país tenha ogivas nucleares.
O levantamento do IISS considera como forças da Cisjordânia aquelas sob comando da Autoridade Palestina, enquanto na Faixa de Gaza é contabilizado o efeitivo sob comando do Hamas. O g1 adotou a lista de países do Oriente Médio usada pela Agência de Inteligência dos EUA (CIA), incluindo o Egito por causa da influência na guerra entre Israel e o Hamas.
Mais sobre o Irã
Os dados divulgados pelo instituto mostram que a Guarda Revolucionária Iraniana tem um efetivo superior ao de 11 países da região. É maior do que todo a força militar da ativa de Israel, que conta com quase 180 mil combatentes e 400 mil reservistas.
O governo iraniano tem desempenhado um papel oculto na guerra. Oficialmente, critica a violência empregada por Israel na Faixa de Gaza. Extraoficialmente, patrocina o Hamas, que tem cerca de 20 mil combatentes e que luta em seu lugar por meio de uma “guerra por procuração”.
O Irã também participa de conflitos no Oriente Médio por meio dos outros grupos que patrocina. Um deles é o Hezbollah, que tem um contingente militar superior ao do Líbano, país que o grupo armado utiliza como base. Os cerca de 20 mil Houthis que lutam na guerra civil no Iêmen também recebem apoio iraniano.
Foram os Houthis que atacaram com drones uma instalação da petrolífera estatal saudita Aramco em 2022. O ataque expôs a fragilidade da Arábia Saudita, um dos países mais influentes da região a conflitos armados.
“O Irã é um ator que, através de uma coalizão de forças não estatais, atua de uma forma agressiva [no Oriente Médio]. Qualquer ação dos Houthis, do Hezbollah e do Hamas, é feita em coordenação com o Irã. Eles têm essa doutrina da defesa ativa”, afirma Rodrigo Amaral, professor de relações internacionais da PUC de São Paulo.
A defesa ativa é termo normalmente associado a ações de grupos armados que buscam marcar uma posição. Pode ser o apoio a um grupo ou a um país aliado que esteja em conflito ou mesmo uma demonstração de força por meio de um ataque.
Amaral explica que o contingente militar é apenas uma das variáveis levadas em consideração quando o assunto é a força de um Estado.
O relatório do IISS mostra ainda que o Egito é o país com maior contingente militar no Oriente Médio com mais de 835 mil pessoas. Apesar disso, o país não é tão influente na região quanto Arábia Saudita e Irã, países que contam com mais tecnologia militar, têm melhor desenvolvimento armamentista e são grandes exportadores de petróleo.
Fatores como a capacidade industrial de armamentos, a capacidade tecnológica militar, e a quantidade de tanques, aviões e porta-aviões, por exemplo, fazem parte do cálculo do jogo de poder regional.
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Nas forças terrestres e nas forças aéreas, os tipos de armamentos mais comuns são os tanques blindados de batalha e as aeronaves de combate. Em ambos os casos, as duas maiores frotas são as do Irã, que tem 1.513 tanques e 312 aeronaves, e as da Arábia Saudita, com 1.010 tanques e 455 aeronaves.
Já no mar, são pouquíssimos os países do Oriente Médio que têm submarinos. A maior frota é a do Irã, com 17, seguida pela Turquia, com 12, Egito, 8, e Israel e Jordânia, ambos com 5.
g1